quarta-feira, 26 de junho de 2013


MOTIVAÇÃO
A palavra motivação provém dos termos latins motus (“movido”) e motio (“movimento”). Para a psicologia e a filosofia, a motivação são aquelas coisas que incentivam uma pessoa a realizar determinadas acções e a persistir nelas até alcançar os seus objectivos. O conceito também se encontra associado à vontade e ao interesse. Por outras palavras, a motivação é a vontade para fazer um esforço e alcançar determinadas metas.
A motivação implica a existência de alguma necessidade, seja ela absoluta, relativa, de prazer ou de luxo. Quando uma pessoa está motivada a “algo”, considera que esse “algo” é necessário ou conveniente. Visto isto, a motivação é o vínculo que leva essa acção a satisfazer a necessidade.
Existem diversos motivos que impulsam a motivação: racionais, emocionais, egocêntricos, altruístas, de atracção ou de repúdio, entre outros.
Por outro lado, a desmotivação é o termo oposto à motivação. Define-se como sendo um sentimento de desesperança ou angústia perante os obstáculos, que se traduz na perda de entusiasmo, disposição e energia.
A desmotivação é uma consequência considerada normal nas pessoas que vêm limitadas as suas aspirações por várias causas. Em todo o caso, as suas consequências podem ser prevenidas.A desmotivação é caracterizada pela presença de pensamentos pessimistas e pela sensação de desânimo, que surgem na sequência da generalização de experiências negativas vivenciadas, podendo ser próprias ou alheias, e pela auto-percepção de incapacidade para alcançar os objectivos desejados. Como tal, a desmotivação pode ser nociva quando se converte numa tendência recorrente e constante na vida de uma pessoa, podendo inclusive afectar o seu estado de saúde.

quinta-feira, 16 de maio de 2013


professor pode ser fonte motivação para o aluno?

Artigo sobre a motivação para estudar.

A motivação do aluno para os estudos é considerada um fator de suma importância para o êxito escolar. Podemos definir motivação como a força propulsora interior a cada pessoa que estimula, dirige e mobiliza, ou seja, conduz o sujeito à ação com empenho e entusiasmo.

Na literatura, encontram-se dois tipos de motivação: a) Motivação intrínseca: baseada em um interesse pessoal. Possui como características a autonomia e o autocontrole. Por exemplo: o aluno estuda História da África para entender sua condição de negro. b) Motivação extrínseca: baseada em recompensas materiais e sociais. Quando o sujeito se dirige a um determinado objetivo estimulado por aspectos correlatos que dele podem resultar. Por exemplo: o aluno estuda História da África para ser aprovado no vestibular. Destacamos três fatores que podem influenciar significativamente a motivação:

O significado que o conteúdo e a disciplina têm para o aluno

O significado do conteúdo e da disciplina varia de acordo com as metas e os objetivos de vida de cada um. Caso não se perceba a utilidade, o interesse e o esforço tendem a diminuir à medida que o aluno se pergunta que serventia tem aquilo que o professor lhe ensina. Colocar problemas ou interrogações, despertar a curiosidade dos alunos, mostrando a relevância que pode ter para os mesmos a realização da tarefa, é essencial.

É imperativo que o professor conheça o aluno e sua história de vida. Assim, o educador poderá ficar próximo dele, saber seus interesses e sonhos para, a partir daí, preparar aulas atrativas e significativas que atenderão às necessidades e aos interesses da turma.As implicações da autoestima para a motivação

A elevada autoestima estimula o aprendizado. O estudante que goza de elevada autoestima aprende com mais alegria e facilidade. Quem se julga incompetente e incapaz de aprender, aproximase de toda nova tarefa de aprendizagem com uma sensação de desesperança e medo.

Alunos desmotivados, com baixa autoestima, costumam desenvolver atitudes como “não sei fazer, não adianta tentar, não vou conseguir...”. Eles necessitam de uma orientação educacional que inclua estímulos socioafetivos que favoreçam o desenvolvimento do autoconhecimento, da identidade pessoal e com ela a elevação da autoestima, para reconstruir seus projetos de estudo e de vida.

A motivação do professor

Tendo em vista que a atividade acadêmica se realiza de forma coletiva e em um contexto social, o professor deve criar um “ambiente motivador”. Isto significa desenvolver em sala de aula situações de aprendizagem em que o aluno tenha papel ativo na construção do conhecimento, usando adequadamente os recursos didáticos, a avaliação formativa, as estratégias de ensino e o conteúdo, proporcionando atividades desafiadoras etc.

Entretanto o professor é, por excelência, o principal agente motivador. Precisa estar motivado, ter compromisso pessoal com a educação, demonstrar dedicação, entusiasmo, amor e prazer no que faz.O educador deve ser aquele que estabelece uma relação de afetividade com o aluno, que busca mobilizar a energia interna do mesmo. Se o clima de calor humano, desenvolvido pelo professor, é percebido no processo de interação, passando a imagem de pessoa digna de confiança, amistosa, é provável que os estudantes se esforcem para corresponder às suas expectativas. Comentários do tipo “você não aprende mesmo!” ou “você não quer nada, não tem jeito!” danificam a autoestima do aluno e reforçam o sentimento de incompetência.

A qualidade das relações que se estabelecem no interior da sala de aula tem implicações na motivação do aluno. As pessoas procuram sentir-se aceitas pelos outros. Podemos chamar isso de motivação de filiação, ou seja, a necessidade que a pessoa tem de se sentir aceita e valorizada.

É preciso levar em consideração que fatores socioeconômicos e biológicos também condicionam a motivação. O professor não pode considerar o problema do desinteresse do aluno apenas como uma questão psicológica. A falta de motivação pode ocorrer, também, pela não satisfação de necessidades como fome, cansaço e afeto. O importante é avaliar cada caso e procurar resolvê-lo na medida do possível.

Niusarte Virginia Pinheiropedagoga, mestre em Ciências da Educação, professora na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Teófilo Otoni, MG.

                PROVINHA BRASIL – ETAPA - 2 - LEITURA – 2013

         Quem realizou? Os alunos do terceiro ano, 70 dos 76 alunos matriculados.

         Qual o resultado da Escola Maurício Sirotsky Sobrinho?

Não tem nenhum aluno no nível 1.

Tem 5 alunos no nível 2.

Tem 16 alunos no nível 3.

Tem 39 alunos no nível 4.

 Tem 10 alunos no nível 5.

         Analisando os resultados da Escola, com base nas recomendações do Guia de correção e interpretação dos resultados da provinha Brasil, constata-se que quase 70% dos alunos está nos níveis 3 ou 4 e cerca de 15% dos alunos está no nível 5. Assim sendo, a maioria dos alunos atingiu o mínimo esperado ao término do segundo ano de escolaridade.

         A partir dos resultados o que podemos trabalhar para que os alunos avancem.

         É necessário um atenção especial aos alunos que estão no nível 2, pois ao final do segundo ano de escolaridade deveriam ter atingido pelo menos os níveis 3 ou 4.

NÍVEL 2

         Os alunos que estão no nível 2 já consolidaram habilidades referentes ao conhecimento e ao uso do sistema de escrita, já associam adequadamente letras e sons. Embora ainda apresentem dificuldade de leitura de palavras de ortografia mais complexa. Neste nível iniciam a leitura de palavras com vários tipos de estruturas silábicas. Eles demonstram, por exemplo, habilidade de:

·       relação entre letras e sons;

·       ler palavras compostas por sílabas formadas por consoante/vogal;

·       ler algumas palavras compostas por sílabas formadas por consoante/vogal/consoante ou por consoante/consoante/vogal;

·       reconhecer palavras de formação silábica canônica escritas de diferentes formas.

Sugestões de atividades:

·       É importante introduzir o domínio das regularidades e irregularidades ortográficas da Língua Portuguesa. Esse trabalho pode ser feito de forma reflexiva e lúdica, como palavras cruzadas, charadas e caça-palavras.

·       Incentivar o desenvolvimento de estratégias para a leitura de pequenos textos com fluência.

·       Desafiar os alunos a escreverem textos úteis em sua interação social como bilhetes, convites cartas, avisos, regras de jogos e brincadeiras, além de histórias.

NÍVEL 3

         Os alunos que estão no nível 3 já consolidaram a capacidade de ler palavras de diferentes tamanhos e padrões silábicos, conseguem ler frases com sintaxe simples (sujeito+ verbo+objeto) e utilizam algumas estratégias que permitem ler textos de curta extensão. As capacidades reveladas neste nível são, por exemplo:

·       ler palavras compostas por sílabas canônicas ou não canônicas (vc, vvc, ccv, ccvc, ccvcc);

·       identificar o número de sílabas de palavras;

·       ler frases de sintaxe simples com o apoio de imagens;

·       localizar informações por meio de leitura silenciosa, em uma frase ou textos curtos de aproximadamente 5 linhas.

Sugestões de atividades:

·       Intensificar o trabalho contos, poemas e histórias em quadrinhos para ampliar a compreensão leitora de um texto ou textos relacionados entre si.

·       Realizar produções textuais coletivas ou individuais de gêneros diversificados que privilegie o universo infantil, evoluindo para textos menos familiares.

·       Explorar estratégias como da leitura em voz alta, recitação de poemas ou interpretação cênica a fim de atingir a fluência leitora e despertar o interesse pela aprendizagem da língua escrita.

Nível 4

         No nível 4, os alunos leem textos mais extensos (aproximadamente 8-10 linhas) na ordem direta (início, meio e fim), de estrutura sintática simples (sujeito+verbo+objeto) e de vocabulário explorado comumente na escola. Nesses textos, são capazes de localizar informação, realizar algumas inferências e compreender qual o assunto do texto.

         São exemplos de habilidades demonstradas pelos alunos deste nível:

·       Localizar informações explícitas em textos pequenos e médios;

·       Identificar a finalidade de textos de gêneros variados, como bilhetes, sumário, convite, cartaz, livro de receitas;

·       Identificar o assunto de um texto médio a  partir da leitura individual;

·         Fazer inferências simples.

         Os alunos que se encontram neste nível estão alfabetizados, e o trabalho pedagógico deverá centrar-se na direção de ampliar as habilidades relativas ao letramento, que envolvem a compreensão e o uso de textos variados, com estrutura mais complexa e temas diversificados e que circulem em diferentes esferas sociais.

         Neste nível estão descritas habilidades a serem alcançadas ao fim do segundo ano de escolarização e aperfeiçoadas durante os anos escolares seguintes.

Nível 5

         Neste nível, os alunos demonstram ter alcançado o domínio do sistema de escrita e compreensão do princípio alfabético.

         Para alem das habilidades dos outros quatro níveis demonstram, por exemplo:

·       Compreender textos de diferentes gêneros e complexidade diversa, identificando o assunto principal e localizando informações não evidentes, além de fazerem inferências.

          Os alunos do nível 5 apresentam um excelente desempenho de aprendizagem, mas devem continuar progredindo em seu processo leitor/escritor competente ao longo da escolaridade dos anos iniciais.

         A questão que fica agora é como os conteúdos de Língua Portuguesa do terceiro ano nos ajudam no desenvolvimento do processo leitor/escritor de nossos alunos e o que deveríamos priorizar.  

         Conteúdos de Língua Portuguesa do terceiro ano:

·       Leitura silenciosa e oral (entonação, respeitar a pontuação)

·       Interpretação de texto

·       Produção de texto

·       Encontro vocálico e consonantal

·       Separação de sílabas (classificação quanto ao número de sílabas)

·       Substantivo – tipos (próprio, comum e coletivo)

·       Substantivo – gênero, número e grau

·       Sinônimos e antônimos

·       Dificuldades ortográficas (d/t, f/v, dr, cr, fr, gr, m antes de p e b)

·       Tipos de frases (afirmativa, negativa, interrogativa)

·       Pontuação

·       Artigos (definido e indefinido sem a nomenclatura)

·       Adjetivo

·       Verbo (como ação - presente, passado e futuro = ontem, hoje e amanhã)

·       Uso do dicionário

domingo, 17 de março de 2013

Uma boa dica de leitura para profesores,supervisores e estudantes em geral é o livro Superdicas para ensinar a aprender da Editora Saraíva.

terça-feira, 22 de março de 2011

Crianças alfabetizadas até o3° ano/9

 

Apenas seis em dez crianças
são alfabetizadas até os nove anos

ThinkstockThinkstock
Apenas 58,1% das crianças de nove anos concluíram o 3º ano (2ª série), mostra levantamento da ONG Todos Pela Educação
 
 
Uma pesquisa da ONG Todos Pela Educação divulgada nesta quarta-feira (1º) mostra que apenas 58,1% das crianças de nove anos concluíram o 3º ano (2ª série).
Em teoria, aos oito anos a criança deve estar cursando essa turma, mas a entidade considera na classe correta aqueles que têm um ano a mais. É uma espécie de “extra” para levar em conta os estudantes que fazem aniversário em diferentes épocas do ano letivo.
A alfabetização até os oito anos de idade é uma das metas da Todos Pela Educação. No entanto, a pesquisa cita a inexistência de instrumentos de avaliação - como uma prova específica para esse grupo – para verificar a alfabetização das crianças nessa faixa etária. Isso prejudica a medição do nível de conhecimento desses estudantes, diz a ONG.
Quando consideradas as crianças que completam o 3º ano até os dez anos de idade, o percentual sobe para 84,2%. Ou seja: 15,8% dos estudantes da segunda série (3º ano do fundamental) têm 11 anos ou mais.
Sul x Nordeste
O estudo mostra também que as diferenças entre os Estados pode ser grande. O Paraná tem a maior taxa de conclusão aos nove anos (79,5%) e Santa Catarina, aos dez (95,1%).
A Paraíba contabiliza o menor percentual em ambos os casos. Apenas 40% dos alunos concluem esta série escolar aos nove anos, e 67,6%, aos dez. Isso significa que o atraso neste Estado é grande, pois muitos alunos do 3º ano do fundamental têm mais que 11 anos de idade.
Para a secretária de educação básica do Ministério da Educação, Maria Pilar Dallari, essas diferenças se dão, principalmente, por causa da economia e do nível de vida dos Estados.
- Não podemos negar que a diferença entre os índices de alfabetização da Paraíba e do Paraná têm relação com as condições socioeconômicos dos Estados e o contexto histórico dos dois.
Ela afirma também que a renda familiar influencia no nível educacional.
- No Paraná, assim como nos Estados do sul do país, existe uma cultura educacional de gerações. Uma criança que come melhor, dorme melhor, vai ter um desempenho melhor na escola.
Renda familiar
A Todos Pela Educação mostra que a taxa de alfabetização na idade adequada cai conforme menor o rendimento familiar.
Somente 43,9% das crianças de famílias com rendimento de até um quarto de salário mínimo per capita (R$ 127/ família) concluíram o 3º ano (2ª série) aos nove anos e 71,3% aos dez.
Nas famílias com mais de cinco salários mínimos de rendimento (R$ 2.550), a taxa de alfabetização na idade correta sobe para 80,4% aos nove anos e para 96,2% aos dez.
Percentual de crianças de 9 e 10 anos que concluíram o 3º ano
(2ª série) do ensino fundamental (%)

Brasil e regiõesCrianças de 9 anosCrianças de 10 anos
Brasil58,184,2
Norte52,277,4
Rondônia65,582
Acre70,281,9
Amazônia42,977,7
Roraima66,179 ,5
Pará47,373,8
Amapá75,889,6
Tocantins62,184
Nordeste53,879
Maranhão55,674,8
Piauí47,874,6
Ceará6084,8
Rio Grande do Norte58,682,5
Paraíba4067,6
Pernambuco57,480
Alagoas4185,8
Sergipe52,179,8
Bahia53,878,6
Sudeste56,787,5
Minas Gerais44,281,7
Espirito Santo54,186
Rio de Janeiro40,978,2
São Paulo69,393,9
Sul74,891
Paraná79,591,3
Santa Catarina72,395,1
Rio Grande do Sul72, 188,1
Centro - Oeste61,786,6
Mato Grosso do Sul67,486,3
Mato Grosso54,988,4
Goiás63,985,9
Distrito Federal58,586,8
Obs: Idade escolar definida por nove anos/dez anos completos em 30 de junho.
Fonte: Pnad, IBGE/ Tabulação Todos Pela Educação

domingo, 13 de março de 2011

Letra do fôrma ou cursiva?

Por que as crianças devem aprender a escrever com letra de fôrma para depois passar para a cursiva?


Mais sobre Alfabetização
ESPECIAL
Esta escolha está relacionada ao processo de construção das hipóteses da escrita. Durante a alfabetização inicial, os pequenos trabalham pensando quais e quantas letras são necessárias para escrever as palavras. As letras de fôrma maiúsculas são as ideais para essa tarefa, já que são caracteres isolados e com traçado simples - diferentemente das cursivas, emendadas umas às outras. O aprendizado das chamadas "letras de mão" deve ser trabalhado com crianças alfabéticas, que já têm a lógica do sistema de escrita organizada. Antes de estarem alfabetizadas, elas entram em contato naturalmente com as letras cursivas e as de fôrma minúscula e até podem ser apresentadas a elas, desde que tal contato fique restrito à leitura.

Devemos ou não ensinar a letra cursiva?

Ensino da letra cursiva para crianças em alfabetização divide a opinião de educadores

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HÉLIO SCHWARTSMAN
articulista da Folha

Deve-se ou não exigir que as crianças escrevam com letra cursiva? A questão, que divide educadores e semeia insegurança entre pais, está --ao lado da pergunta sobre o ensino da tabuada-- entre as mais ouvidas pela consultora em educação e pesquisadora em neurociência Elvira Souza Lima. A resposta, porém, não é trivial.
Quem tem letra feia pode ter de trocar a de mão pela de forma
Quatro ou cinco décadas atrás, a dúvida seria inconcebível. Escrever à mão era só em cursiva e, para garantir que a letra fosse legível, os alunos eram obrigados desde cedo a passar horas e horas debruçados sobre os cadernos de caligrafia.

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
A profesora Silvana D'Ambrosio, do colégio Sion, na cidade de São Paulo, ajuda o aluno Mateus Yoona fazer letra cursiva
A profesora Silvana D'Ambrosio, do colégio Sion, na cidade de São Paulo, ajuda o aluno Mateus Yoona fazer letra cursiva

Veio, contudo, a pedagogia moderna, em grande parte inspirada no construtivismo de Piaget, e as coisas começaram a mudar. O que importava era que o aluno descobrisse por si próprio os caminhos para a alfabetização e a escrita proficiente. Primeiro os professores deixaram de cobrar aquele desenho perfeito. Alguns até toleravam que o aluno levantasse o lápis no meio do traçado. Depois os cadernos de caligrafia foram caindo em desuso até quase desaparecer.
O segundo golpe contra a cursiva veio na forma de tecnologia. A disseminação dos computadores contribuiu para que a letra de imprensa, já preponderante, avançasse ainda mais. Manuscrever foi-se tornando um ato cada vez mais raro.
No que parece ser o mais perto de um consenso a que é possível chegar, hoje a maior parte das escolas do Brasil inicia o processo de alfabetização usando apenas a letra de forma, também chamada de bastão.
Tal preferência, como explica Magda Soares, professora emérita da Faculdade de Educação da UFMG, tem razões de desenvolvimento cognitivo, linguístico: "No momento em que a criança está descobrindo as letras e suas correspondências com fonemas, é importante que cada letra mantenha sua individualidade, o que não acontece com a escrita "emendada' que é a cursiva; daí o uso exclusivo da letra de imprensa, cujos traços são mais fáceis para a criança grafar, na fase em que ainda está desenvolvendo suas habilidades motoras".
O que os críticos da cursiva se perguntam é: se essa tipologia é cada vez menos usada e exige um boa dose de esforço para ser assimilada, por que perder tempo com ela? Por que não ensinar as crianças apenas a reconhecê-la e deixar que escrevam como preferirem? Essa é a posição do linguista Carlos Alberto Faraco, da Universidade Federal do Paraná, para quem a cursiva se mantém "por pura tradição". "E você sabe que a escola é cheia de mil regras sem qualquer sentido", acrescenta.
A pedagoga Juliana Storino, que coordena um bem-sucedido programa de alfabetização em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, é ainda mais radical: "Acho que ela [a cursiva] é uma das responsáveis pelo analfabetismo em nosso país. As crianças além de decodificar o código da língua escrita (relação fonema/ grafema) têm também de desenvolver habilidades motoras específicas para "bordar' as letras. O tempo perdido tanto pelo aluno, como pelo professor com essa prática, aliada ao cansaço muscular, desmotivam o aluno a aprender a ler e muitas vezes emperram o processo".
Esse diagnóstico, entretanto, está longe de unânime. O educador João Batista Oliveira, especialista em alfabetização, diz que a prática da caligrafia é importante para tornar a escrita mais fluente, o que é essencial para o aluno escrever "em tempo real" e, assim, acompanhar a escola. E por que letra cursiva? "Jabuti não sobe em árvore: é a forma que a humanidade encontrou, ao longo do tempo, de aperfeiçoar essa arte", diz.
Magda Soares acrescenta que a demanda pela cursiva frequentemente parte das próprias crianças, que se mostram ansiosas para começar a escrever com esse tipo de letra. "Penso que isso se deve ao fato de que veem os adultos escrevendo com letra cursiva, nos usos quotidianos, e não com letras de imprensa".
Para Elvira Souza Lima, que prefere não tomar partido na controvérsia, "os processos de desenvolvimento na infância criam a possibilidade da escrita cursiva". A pesquisadora explica que crianças desenhando formas geométricas, curvas e ângulos são um sério candidato a universal humano. Recrutar essa predisposição inata para ensinar a cursiva não constitui, na maioria dos casos, um problema. Trata-se antes de uma opção pedagógica e cultural.
Souza Lima, entretanto, lança dois alertas. O tempo dedicado a tarefas complementares como a cópia de textos e exercícios de caligrafia não deve exceder 15% da carga horária. No Brasil, frequentemente, elas ocupam bem mais do que isso.
Ainda mais importante, não se deve antecipar o processo de ensino da escrita. Se se exigir da criança que comece a escrever antes de ela ter a maturidade cognitiva e motora necessárias (que costumam surgir em torno dos sete anos) o resultado tende a ser frustração, o que pode comprometer o sucesso escolar no futuro.
O que a ciência tem a dizer sobre isso? Embora o processo de alfabetização venha recebendo grande atenção da neurociência, estudos sobre a escrita são bem mais raros, de modo que não há evidências suficientes seja para decretar a morte da cursiva, seja para clamar por sua sobrevida.
Há neurocientistas, como o canadense Norman Doidge, que sustentam que a escrita cursiva, por exigir maior esforço de integração entre áreas simbólicas e motoras do cérebro, é mais eficiente do que a letra de forma para ajudar a criança a adquirir fluência.
Outra corrente de pesquisadores, entretanto, afirma que, se a cursiva desaparecer, as habilidades cognitivas específicas serão substituídas por novas, sem maiores traumas.